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As palavras do Papa Francisco na cerimónia de acolhimento da JMJ.

Queridos jovens, boa tarde!

Sede bem-vindos e obrigado por estarem aqui. Fico feliz por vos ver e também por escutar o simpático barulho que fazeis, contagiando-me com a vossa alegria. É bom estarmos juntos em Lisboa: para aqui fostes chamados por mim, pelo Patriarca, a quem agradeço as suas palavras, pelos vossos Bispos, sacerdotes, catequistas e animadores. Agradeçamos-lhes por isso com uma grande salva de palmas! Mas foi sobretudo Jesus quem vos chamou: agradeçamos-Lhe com um forte aplauso!

Amigos, não estais aqui por acaso. O Senhor chamou-vos, não só nestes dias, mas desde o início dos vossos dias. Sim, Ele chamou-vos pelo nome. Chamados pelo nome: tentai imaginar estas três palavras escritas em letras grandes e, em seguida, pensai que estão escritas dentro de vós, nos vossos corações, como que formando o título da vossa vida, o sentido do que sois: tu és chamado pelo nome, tu és chamada pelo nome, eu sou chamado pelo nome.

Nenhum de nós é cristão por casualidade. Todos fomos chamados pelo nosso nome.

Ao princípio da teia da vida, ainda antes dos talentos que possuímos, das sombras e feridas que carregamos dentro de nós, recebemos um chamamento. Chamados, porque amados. É lindo. Aos olhos de Deus somos filhos preciosos, que Ele chama, a cada dia, para abraçar e encorajar; para fazer de cada um de nós uma obra-prima única e original, cuja beleza mal conseguimos vislumbrar.

Nesta Jornada Mundial da Juventude, ajudemo-nos a reconhecer esta realidade essencial: sejam estes dias ecos vibrantes da chamada amorosa de Deus, porque somos preciosos a seus olhos, apesar do que às vezes os nossos olhos veem, enevoados pela negatividade e ofuscados por tantas distrações.

Que estes sejam dias em que o teu nome, através de irmãos e irmãs de muitas línguas e nações que o pronunciam com amizade, ressoe como uma notícia única na história, porque único é o pulsar do coração de Deus por ti.

Sejam dias para fixar no coração que somos amados tal como somos. Este é o ponto de partida da JMJ, mas sobretudo da vida. Somos amados como somos, sem maquilhagem. Entendem isto?

E somos chamados pelo nome: não é um simples modo de dizer, é Palavra de Deus (cf. Is 43, 1; 2 Tm 1, 9). Amigo, amiga, se Deus te chama pelo nome, significa que, para Ele, não és um número, mas um rosto, um coração. Quero fazer-te notar uma coisa: muitos, hoje, sabem o teu nome, mas não te chamam pelo nome.

Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para pesquisas de mercado.

Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil. São as ilusões do mundo virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que nos atraem e prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam o vazio interior. Jesus, não é assim! Ele tem confiança em ti, para Ele cada um de nós conta.

E assim nós, sua Igreja, somos a comunidade dos chamados: não dos melhores – não, absolutamente não –, somos todos pecadores, mas somos todos convocados assim como somos.

Pensemos um pouco sobre isto no nosso coração: somos chamados como somos, com os nossos problemas, com as limitações que temos, com a nossa alegria transbordante, com esta vontade de sermos melhores e de triunfar. Somos chamados como somos. Pensem nisto. Jesus chama-me como sou, não como querem que seja. Somos a comunidade dos irmãos e irmãs de Jesus, filhos e filhas do mesmo Pai.

Amigos, quero ser claro convosco, que sois alérgicos às falsidades e a palavras vazias: na Igreja há espaço para todos. Para todos! Na Igreja, ninguém está a mais, há espaço para todos. Jesus disse isso claramente quando chamou os discípulos para o banquete de um Senhor que o tinha preparado e disse tragam todos: jovens e velhos, doentes e sãos, justos e pecadores. Todos, todos, todos. Na Igreja, há lugar para todos. “Padre eu sou um desgraçado ou uma desgraçada. Há lugar para mim?” Há lugar para todos, juntos, cada um na sua língua.

Cada um na sua língua repitam comigo: todos, todos, todos.

Esta é a Igreja, a Mãe de todos.

O Senhor não aponta o dedo, mas abre os braços, abraça-nos a todos: assim no-Lo mostra Jesus na cruz. Não fecha a porta, mas convida a entrar; não mantém à distância, mas acolhe. Nestes dias transmitamos a Sua mensagem de amor. Deus ama-nos, Deus chama-nos. Que lindo que isto é.

Esta tarde fizeram-me muitas perguntas. Nunca se cansem de perguntar. Perguntar, é bom, aliás, muitas vezes é melhor do que dar respostas, pois quem pergunta permanece inquieto e a inquietude é o melhor remédio contra a habituação, aquela normalidade rasteira que anestesia a alma.

Cada um de nós tem um “interrogador” dentro… todos temos questões interiores, quando rezamos diante de Deus, colocamos perguntas que vão sendo respondidas ao longo da vida. Só temos de saber esperar.

Deus ama por surpresa. Não está programado. O amor de Deus é surpresa. Sempre surpreende, sempre nos mantém alertas e surpreende.

Queridos amigos e amigas. Deus ama-nos como somos. Não como querem que sejamos ou a sociedade quer. Ama-nos com os nossos defeitos, com as limitações que temos e a vontade que temos de seguir em frente na vida. Deus nos chama a si. Confiem, porque Deus é Pai que nos quer e ama. Isto não é muito fácil e, para isso, temos uma grande ajuda: a Mãe do Senhor, que é a nossa Mãe também.

Era isto que vos queria dizer. Não tenham medo, tenham coragem, vão em frente, sabendo que estamos amparados pelo amor de Deus. Deus nos ama. Digam todos: Deus nos ama.

Obrigado!