A nossa Paróquia recebeu ontem, dia 13 de junho, a bênção da Igreja da Misericórdia e a bênção do seu altar, numa cerimónia lindíssima presidida pelo nosso Cardeal Patriarca, que começou por lembrar Santo António de Lisboa, canonizado pelo Papa Gregório IX em 1232 e conhecido por todos os cantos do mundo, “onde tantas Igrejas lhe dedicam um lugar”.
Santo António, que foi um estudioso de tantas coisas, desde o direito canónico, às ciências naturais, passando pela filosofia e pela teologia e que veio a ser Doutor da Igreja, escreveu alguns dos melhores sermões que hoje conhecemos, tendo-se tornado um pregador dedicado e de intenso apostolado, sobretudo em Itália e em França, onde lutou contra vários movimentos heréticos, anunciando sempre a Boa Nova de Jesus e mostrando-nos, assim, que “quem guarda a palavra de Deus, acaba por frutificar”, pois a vida do Santo foi, também, intensamente dedicada aos mais pobres e desfavorecidos, chamando tantos a percorrer esse caminho.
D. Manuel Clemente dedicou ainda uma palavra à Santa Casa da Misericórdia de Cascais, uma instituição já antiga, com cerca de meio milénio de existência, que sempre estabeleceu profundos laços de solidariedade com a comunidade local, em particular, a mais carenciada, tendo fundado um Hospital junto à Ermida de Santo André que funcionou até 1941. Historicamente, lembrou o Cardeal Patriarca, as misericórdias procuraram congregar esforços que estavam dispersos em muitas irmandades, num trabalho de concretização das obras de misericórdia do catolicismo da nossa Igreja. Ao longo do tempo e até hoje, as Misericórdias continuam a assistir com dedicação, cuidado e proximidade tantos que carecem dessa ajuda, sendo, pois, “uma obra com cunho divino”, que põe em prática “uma palavra importante” da nossa fé e tão praticada por Santo António, que é a “caridade”.
Numa alusão ao Evangelho do dia, onde “ouvimos o Senhor Jesus dizer que nós temos de ser como o sal e como a luz”, D. Manuel Clemente referiu a “luz que acende, que ilumina e que aquece” e o “sal que conserva o alimento e que lhe dá sabor” – “Uma boa misericórdia é como este sal, não deixa que esta boa herança se deteriore, que desapareça ou que se esqueça e, por isso, conserva-se e avança para novas metas do que é preciso fazer, pois mais necessidades vão aparecendo para resolver, estando a Misericórdia sempre ativa neste trabalho de caridade, “como o sal e como uma luz que brilha para as novas oportunidades que vierem e que for necessário ultrapassar”.
Finalmente, D. Manuel Clemente deixou uma nota final para aquilo que estávamos ali a celebrar: a dedicação do altar, “um dos ritos mais belos da nossa liturgia”; altar onde Cristo se oferece e que vai ser ungido, como Cristo foi ungido pelo Espírito Santo. Um altar para louvor de Deus, à volta do qual nos reunimos em comunidade.
Damos graças por esta festa, por esta Igreja novamente recebida na nossa comunidade paroquial e, a partir de agora, também aberta à celebração e à oração.